Por: Marisa Gimenes Ilustras e Design: Ingrid Victoria Copywriter: Larissa Lopes e Mateus William
A aprendizagem é algo extremamente importante na vida. À medida que atravessamos todas as fases, desde o início até a fase adulta, fica claro que ela permanece relevante e de extrema necessidade.
Ao observar o desenvolvimento humano, é possível perceber que os bebês têm a característica de serem curiosos, o que lhes proporciona uma energia para serem grandes exploradores e não terem medo de errar.
Não vemos nenhum bebê problematizando o desejo de aprender a andar, caminhar, pular, dançar, falar. Há tantas oportunidades e aprendizados nessa tenra idade!
Erros são cometidos, mas também se aprende com eles, para que no dia seguinte tudo comece novamente, até que a maestria seja alcançada e novos espaços sejam conquistados.
O erro nessa fase não tem uma conotação de inadequação, ele ocorre pelo desejo de aprender e evoluir. A experiência de viver e se colocar em pé é uma soma de tentativas e erros, sem um número específico a ser atingido, apenas erramos e aprendemos com isso.
É inegável que, hoje, a saúde do mundo está comprometida, pois as pessoas já não aprendem mais com os erros. Aliás, muitas situações poderiam ser resolvidas a partir de erros cometidos, já que eles possibilitam uma oportunidade de aprendizado.
Esse problema se torna ainda mais evidente nas grandes corporações, onde o medo de errar e a relutância em admitir que não sabemos algo, não deixam espaço para o desenvolvimento e o crescimento. Nesse contexto, muitas oportunidades são perdidas e soluções inovadoras são deixadas de lado.
Assim, é importante destacar como essa situação pode impactar negativamente a saúde mental dos colaboradores.
Quando um líder é promovido para uma nova posição ou até mesmo quando é realocado para uma função diferente, ele se encontra em um ambiente desconhecido. Mesmo possuindo competência e experiência, estar em um contexto novo significa que há muito a aprender, e isso requer que ele seja colocado na posição de principiante, independentemente do cargo que irá ocupar. E essa posição implica que, consequentemente, erros serão cometidos.
No entanto, observa-se que na cultura das empresas, não se incentiva a reflexão sobre essa situação. Não é aceitável admitir e assumir que estamos aprendendo, o que gera muita ansiedade em termos de saúde mental. A pessoa que ocupa essa nova posição precisa não apenas produzir bons resultados e performar bem, mas também se adaptar ao sistema e à dinâmica existente. Isso acarreta uma pressão muito grande, pois se cria um cenário onde não há tempo suficiente para aprender, admitir que não se sabe algo, refletir com os erros e até mesmo descansar em meio a um futuro tão volátil.
Esse ciclo não é saudável e não pode continuar assim. Quando líderes estão sobrecarregados e com problemas de saúde mental, isso afeta o estado de ânimo e o desempenho deles, o que impacta negativamente o sistema da empresa, as equipes e a cultura organizacional como um todo.
E como podemos sair dessa situação? Como ocupar novas posições sem sermos engolidos por esse ciclo problemático?
Uma alternativa viável é criar um espaço onde se possa rejeitar as projeções pré-determinadas sobre si e construir uma própria visão, fundamentada em nossas competências, habilidades e potenciais. Nesse espaço, podemos identificar os elementos que nos impedem de nos declararmos aprendizes e, ao nomear e compreender essas emoções, podemos iniciar diálogos construtivos que nos auxiliam a superar esses obstáculos.
Nesse processo, questionamos a pressão implacável pela perfeição que por muitas vezes é imposta indiretamente aos líderes, ao mesmo tempo, em que repensamos conceitos relacionados ao medo e ao erro. Por meio desses diálogos profundos, buscamos impulsionar pequenas mudanças que se traduzam em ações concretas, permitindo que os líderes saíam gradualmente dessa situação, aumentando sua aprendizagem e transformando seu estado de ânimo e conforme evoluem e se desenvolvem, eles vão conseguindo se apropriar da sua posição de liderança com mais autenticidade, saúde e confiança.
Quando sou capaz de olhar este processo de mudança de estado de ânimo, posso analisar meus acertos e erros e transformar minha realidade futura.
Para finalizar, podemos refletir sobre os exemplos das caixas-pretas de aviões.
Assim como os acidentes aéreos têm diminuído graças à presença dessas caixas-pretas nas aeronaves, que nos permitem aprender com os erros cometidos, também devemos aplicar essa mesma ideia aos desafios corporativos que enfrentamos no dia a dia ou que nos são apresentados em algum momento.
Mas onde está a nossa caixa-preta, na qual podemos abrir e aprender com nossos erros?
Tal como foi exemplificado no começo do texto, onde está o brilho daqueles bebês incansáveis? Onde está aquela busca natural e alegre por aprender sem se importar com o fato de errar?
As respostas para essas perguntas residem em nós mesmos e podemos despertá-las por meio de pequenos passos elegantes. Quando nos conectamos com a capacidade de sermos aprendizes e com o desejo de desvendar problemas, podemos encontrar soluções que nos permitem alcançar e gerarmos um estado de bem-estar e saúde em nossas vidas.
Bình luận