E quando eu sei que preciso conversar, mas não sei como abrir essa conversa?
- Mateus William
- 25 de jun.
- 4 min de leitura
A gente acredita que tudo dentro das organizações passa por conversas.
Uma organização pode até ter grandes resultados e entregar muito, mas se não existirem as conversas que precisam ser feitas, muita coisa se perde pelo caminho.
A ausência delas custa muita coisa. Tempo, energia, produtividade, confiança…
O calar nas organizações, quando vira hábito, contamina. Cria uma cultura de não-dito, de tensão acumulada, de muitas camadas. Isso vai infiltrando no clima, nas relações e, inevitavelmente, na performance dos times, das pessoas, dos líderes…
E o mais curioso é que sabemos disso. A maioria de nós consegue perceber quando precisa conversar, mas simplesmente não sabe como.
Conversas difíceis são difíceis, e essa característica que damos a esse tipo de conversa revela como nós não aprendemos a fazer isso, tornando certos assuntos quase que inconversáveis. Sem possibilidade de movimento.
Como dizer ao meu chefe autoritário que não estou bem? Como pedir ajuda para uma entrega que não estou sabendo conduzir? Como falar para o time que lidero que não entregamos como o esperado?
Até essa parte do texto, talvez você já tenha identificado alguma conversa que precisa ter com alguém e não estou falando só do trabalho, porque conversas difíceis atravessam a vida.
A questão de não ter essas conversas é que com o tempo vamos prejudicando a gente e o outro, e principalmente a relação, fora o gasto que não abrir aquilo que incomoda pode causar.
Se você está tendo problemas de desconfiança com alguém no trabalho, isso vai trazer frustração e mágoa, mas por não ter as ferramentas necessárias, você não sabe como falar sobre isso sem gerar ainda mais conflito.
Situações assim são comuns no mundo do trabalho e carregam um peso emocional enorme. Isso porque não estamos apenas lidando com o fato em si, mas com interpretações sobre o comportamento do outro.
A gente imagina intenções, atribui sentidos, tira conclusões e evita a conversa, achando que assim protege a relação, mas gera mais trabalho, o que em termos de gestão de energia nos esgota completamente!
Existe uma forma de fazer conversas difíceis. Não expondo tudo ou despejando nossas emoções no outro..
Em ambientes de muita hierarquia e concentração de poder, observamos que muitas pessoas têm medo de abrir conversas, e isso se acentua em momentos de grandes mudanças, como quando há risco de demissões.
Ler o contexto é entender que ninguém quer abrir uma conversa difícil e ser demitido por isso. Então é sobre encontrar o contexto possível, e entender o que depende de mim para ter as conversas que considero importantes.
Por isso, conversar exige preparo.
Então se você está nesse lugar (sabe que precisa abrir certas conversas, mas não sabe como) aqui vão alguns caminhos que podem te ajudar.
Lembrando que esses não são passos fixos. São pontos de atenção que, com prática e sensibilidade, podem transformar a forma como você se relaciona.
Reconheça a importância da conversa para você
Por que essa conversa importa pra mim? O que está doendo? O que eu espero transformar com isso?
Ter clareza sobre o motivo que te leva a buscar esse diálogo já muda a forma como você chega nele. Não é para “ganhar a discussão”.
É para encontrar um espaço onde você possa se expressar com verdade, e também escutar. Reconhecer essa importância ajuda a tirar o peso da performance e colocar foco na intenção de resolver a situação.
Prepare-se
Conversar não é despejar. Se você for só com o que está doendo em você, pode acabar gerando mais reatividade.
Antes de abrir a conversa, escreva. Tente organizar o que está sentido. Tente dar nome às emoções. Raiva? Frustração? Medo?
Esse exercício simples já libera parte da tensão e te ajuda a chegar com menos influência das emoções.
E lembre-se: preparo emocional não é ensaiar o que dizer pra “não errar”.
É acolher o que você sente, pra não jogar no outro o que ainda está confuso dentro de você.
Abra espaço com honestidade, mas também com responsabilidade
Você pode dizer a verdade sem ferir.
"Sei que talvez esse assunto seja sensível, mas quero conversar porque essa relação é importante pra mim."
Quando você assume a responsabilidade sobre o que sente e mostra que está disposto a escutar, o tom da conversa muda.
Você não chega apontando algo, mas chega oferecendo um espaço. Isso quebra defesas e convida o outro a participar.
Aceite que conversas difíceis são um processo
Nem tudo será resolvido imediatamente. Esteja preparada (o) para abordar o assunto gradualmente, especialmente quando houver um histórico de acúmulos. Respeitar o ritmo emocional de cada parte envolvida é fundamental.
Qual conversa difícil você está evitando? Quais conversas você não está tendo com seu líder ou com sua equipe, mas sabe que precisa ter?
Na Atma Genus, levamos isso para as organizações, sobre como fazer com que essas conversas não sejam tão dolorosas.
Além do que foi dito no texto, você pode começar ouvindo nosso novo episódio do Atma Talks, em que Marisa Gimenes e Arthur Ranieri falam sobre ferramentas para termos conversas difíceis, com base em experiências com clientes, vivências e histórias reais.
Garantimos que você vai terminar de assistir esse episódio com muitas ferramentas para ter as conversas que precisam ser feitas!
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