Por: Raquel Trovo Ilustras e Design: Ingrid Victoria Copywriter: Larissa Lopes e Mateus William
O relatório de Tendências Globais de Capital humano da Deloitte apresenta alguns fundamentos para caminharmos nesse novo mundo que vem se apresentando, no qual as fronteiras e estruturas de trabalho como conhecíamos estão deixando de existir numa velocidade muito maior do que imaginávamos.
Ao mesmo tempo, em que infinitas possibilidades surgem sem as conhecidas fronteiras, o volume e velocidade das mudanças têm gerado um desgaste emocional muito grande.
Vindos de uma era que valoriza soluções rápidas, nos vemos diante de muitos “não sei” e de saberes e soluções que já não dão conta dos desafios.
Para caminhar nesse novo mundo, mais do que novas ações, estamos sendo convidados a entrarmos em contato com as crenças que carregamos e desconstruirmos, também, as fronteiras que elas criaram sobre o que é ser um bom profissional, um bom líder, uma boa organização, um bom programa de desenvolvimento, entre tantas outras.
Sem aprofundar nas crenças que estão alimentando nossas escolhas e ações HOJE, como indivíduos e como organizações, as novas ações terão um limite, pois nascerão dos mesmos modelos mentais e vieses do passado e eles se tornam inimigos do processo de aprendizagem.
Lidando com diferentes organizações todos os dias, por vezes, nos deparamos com empresas que, na intenção de preparar o time para essas mudanças, criam inúmeras iniciativas de desenvolvimento, mas que ainda seguem um modelo de aulas e teorias. Essas iniciativas não são inválidas, só não são suficientes e, em muitos casos, geram sobrecarga em quem já está sobrecarregado.
Uma cultura de aprendizagem não é definida pelo volume de iniciativas. Tem mais a ver com criar as condições para que a aprendizagem seja possível e aconteça no dia a dia. Gloria Flores no livro “Aprender a Aprender” apresenta que para aprendermos precisamos considerar o estado de ânimo que estamos vivendo.
Se acredito que devo saber “tudo” relacionado a meu papel, por exemplo, fica difícil sustentar o “não sei” até para mim mesmo, imagine diante dos demais e da organização. Isso pode me gerar ansiedade e aprender se torna um dever pesado ou me alimenta de queixas saudosistas.
Se, por outro lado, consigo pouco a pouco acolher que não preciso saber e ter respostas para o que é novo e sinto que há espaço para o “não saber” no meu universo de trabalho, talvez eu encontre a curiosidade e o entusiasmo para experimentar e aprender com o que vai aparecendo.
A partir disso, algumas inquietudes (dentre muitas) me surgem:
Quão dispostos estamos, como indivíduos, a revisitarmos nossas crenças sobre o que é certo e errado, bom e ruim e tantas outras sobre trabalho?
Existe disposição por parte das organizações para revisitarem as crenças que dão origem aos modelos de jornadas e iniciativas de desenvolvimento e a tão falada cultura de aprendizagem?
Esse mundo sem fronteiras seguirá recheado de mudanças e isso não precisa ser uma notícia ruim se dermos conta de, sem demérito algum, nos declararmos como aprendizes!
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