Tentando ser saudáveis, estamos mais próximos ou distantes do bem-estar?
- Mateus William
- 17 de jan.
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de jan.
Por: Mateus William
Nunca falamos tanto em saúde como nos últimos anos.
Podemos até apontar certa obsessão.
Esse tema invade nossas vidas todos os dias: nas redes sociais, nos aplicativos, nos perfis de instagram que exibem rotinas de exercícios e dietas quase que perfeitas.
Não dá pra negar que a busca pela saúde está por toda parte, mas essa busca nem sempre é fiel na tentativa de nos aproximar do bem-estar.
É estranho perceber que nesse esforço de sermos saudáveis, muitas vezes acabamos nos distanciando dessa condição.
Depressão, burnout, estresse...
Esses problemas parecem crescer na mesma medida em que intensificamos nossos objetivos para atingir um padrão de vida “ideal”. O cansaço nunca foi tão grande, e não é tão difícil perceber isso.
Nessa busca, acabamos impondo novas formas de exaustão a nós mesmos.
Horas na academia, dietas restritivas, o controle incessante de cada aspecto da rotina. Aquilo que deveria trazer equilíbrio muitas vezes gera ansiedade, culpa e a sensação constante de fracasso.
Não atingi o peso que queria.
Não cumpri minha meta.
Falhei na academia hoje.
Algo curioso é como nesse processo de buscar saúde (como tudo na modernidade) acabou virando uma espécie de performance. O que deveria ser algo pessoal, virou uma espécie para alcançar o "ideal" de bem-estar, um padrão.
Um exemplo claro disso é o conceito de “burnout de bem-estar” (confesso que nunca tinha ouvido falar) que surgiu no Relatório Global de Bem-Estar de 2024, da Lululemon (uma marca canadense de roupas esportivas, não tão conhecida no Brasil, mas uma gigante global no mercado de fitness).
A pesquisa, feita com mais de 16 mil participantes de 15 países, reflete uma preocupação global com o equilíbrio entre a busca pelo bem-estar e os desafios associados a ela, e algo interessantíssimo é que o relatório aponta que:
61% dos entrevistados sentem uma pressão intensa das expectativas sociais para aparentar bem-estar
53% se frustram com a imensa quantidade de informações conflitantes sobre o que realmente significa ser saudável
Embora 89% estejam tomando medidas para melhorar seu bem-estar, essas pessoas não estão encontrando formas de se sentir melhores
Uma contradição, não acha?
Saímos de um estado de inércia em relação à saúde, marcado por um estilo de vida ruim, apenas para cairmos em um outro padrão.
E, como qualquer outro padrão, esse “bem-estar ideal” nos coloca em um ciclo incessante, e aquilo que deveria ser sobre cuidado e equilíbrio se transforma em mais pressão e cobrança.
O que fica evidente até aqui é a necessidade de questionarmos o que realmente significa cuidar de nós mesmos.
Para isso, precisamos desafiar os sistemas que perpetuam qualquer padrão, para que a gente possa encontrar um caminho mais autêntico.
Talvez seja necessário, inclusive, um distanciamento corajoso de tudo aquilo que nos sobrecarrega e um olhar mais atento para dentro de nós mesmos.
Saúde é sobre entender o que faz sentido pra você, considerando suas circunstâncias e o que é viável em sua realidade, porque podemos construir nosso conceito de bem-estar e construí-lo de forma genuína, para que ele realmente se traduza em qualidade de vida.
Se leu até aqui, espero que tudo isso esteja fazendo sentido, e quero te chamar para aprofundar essa conversa em um outro lugar.
No primeiro episódio do "Atma Talks" Marisa Gimenes e Margarita Morales mergulham justamente nessa temática da saúde mental e debatem as crenças que moldam nossa visão sobre todo esse universo.
Um papo muito legal que pode inspirar você a repensar sua relação com a saúde e talvez viver esse conceito de maneira mais consciente.
Esperamos que goste!
Assista ao episódio aqui:
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